Lúcio Gregori, 70, é engenheiro e foi secretário de Transportes entre 1990 e 1992, durante a gestão de Luiza Erundina (então no PT) na prefeitura de São Paulo. Foi o idealizador da municipalização (gestão do sistema de transporte pela prefeitura e não pelas empresas - projeto que foi implementado) e do Tarifa Zero.

Na palestra, Lúcio fala sobre como o transporte público não é, mas deveria ser, um serviço público. O transporte, diz, é gerido por um sistema de concessão que permite que empresas privadas explorem e administrem o transporte, jogando seus custos para os usuários/as que o utilizam.

No momento em que é cobrada a tarifa de usuários e usuárias, se cria um mecanismo que divide entre quem pode ou não usá-lo. Algo público é algo comum ao uso de todos/as. A tarifa faz, então, com que o transporte seja privado. Algo público é algo comum ao uso de todos/as.

Lúcio questiona o fato de nenhum outro serviço público (saúde, educação) ser cobrado através de taxas de quem os utiliza.

Também afirma que a cobrança para o custeio do transporte deve ser feita diretamente de quem se beneficia dele: a classe dominante, que necessita do transporte coletivo para que seus empregados/as se desloquem ao local de trabalho.

Em sua gestão na secretaria de Transportes, Lúcio desenvolveu um sistema de cobrança (uma reforma na cobrança de impostos) em que haveria um aumento na taxa de IPTU de bancos e mansões, terrenos não usados, assim como maior tributação para empresas. Este dinheiro serviria para o custeio do Tarifa Zero, que, com a municipalização, transformaria o transporte em público de fato.

Na época, até mesmo o PT se colocou negativamente em relação ao projeto, com a argumentação de que ele acabaria com a "governabilidade" (quebraria a relação com outros partidos políticos). Integrantes do partido e até vereadores da época chegaram a desmobilizar comitês de luta que estavam se formando para lutar pela aplicação do projeto.