sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ 2012

O capitalismo tem essa "enebriante e sedutora propriedade" de explorar pessoas e natureza ao mesmo tempo, lhe propondo alcançar uma espécie de nirvana do "desenvolvimento humano", aquilo que alguns denominam de "paraíso", cuja ante-sala seria o "inferno". O melhor que você pode fazer é corromper essa máquina a todo instante, se negando a ser explorado, a movimentar bugigangas inúteis e fúteis, sem consumir coisa alguma. E, surpreendentemente, poderá descobrir que você leva uma vida muito intensa, cheia de coisas para fazer.
Eu, por exemplo, tento imitar os índios o tempo todo, embora eles, ao contrário do que foi inculcado no senso comum pela elite carrapata (no dialeto marxista - a burguesia), volta e meia também trabalham, mas de forma colaborativa entre eles, e não exploratória como acontece na moderna sociedade industrial capitalista e nas eras que a antecederam. Tento, pois, ser índio também, ainda que bastante limitado, reconheço. Mas, tento, em permanente e indomável postura anti-capitalista e ecológica. Coisa de birra, de ekoxato mesmo, que me deixa orgulhoso.
Em 2012, recomendo que você consuma menos, não se deixe explorar, denuncie todo tipo de patife e patifaria, doa a quem doer. Faz bem pra cabeça. Faça a coisa certa: seja mais índio, mais ecológico, o caminho para ser mais feliz, mais contemplativo, mais humano, menos autômato. Tudo aquilo que o capital NÃO deseja que você faça. Acredite, ele "morre de medo" que você faça isso - desrespeitar suas regras. Como antídoto, um carguinho, um presentinho...
E lembre-se, toda revolução começa com um primeiro passo, e este, é você mesmo que tem que dar. Comece por deixar o sofá em frente à TV e vá praticar "luta de classes" junto ao povo.
Eco-amplexos convexos desejando boas festas e boas lutas anti-capitalistas em 2012.
Gert Schinke

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um mundo ecologicamente orientado

ELAINE TAVARES
Palavras Insurgentes
domingo, 11 de dezembro de 2011


Gert Shinke é um homem que incomoda e desaloja certezas. Ele mexe com os paradigmas, aponta o dedo e exige mudanças. Ecologista, eco-bom, eco-protetor. Não quer nem ouvir falar de “desenvolvimento sustentável”, pois sabe muito bem que isso é maquiagem do capitalismo, que busca se enfeitar para enganar os trouxas. Não há sustentabilidade num processo de especulação, busca do lucro, exploração. Então ele apresenta novos conceitos, provoca viragens. “A única saída é um desenvolvimento ecologicamente orientado. Um modo de vida que não leve o mundo à destruição, que retome o equilíbrio com a natureza”, diz. E insiste que isso é possível.

Tem um bocado de gente que não gosta do Gert. Alguns “acusam” ele de querer ser vereador. Daí andar por aí com sua indefectível camisa amarela vociferando contra os vilões que depredam a natureza. Eu gosto dele, e gosto que ele queira ser vereador. Porque é bom que a gente tenha gente assim, honesta, verdadeira, que diz o que quer ser e o que quer fazer, às claras, sem véus.

Ontem, ouvindo-o falar sobre esse modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável, lembrei uma cena da minha infância que há muito me havia fugido das retinas. Eu morava em São Borja, na beira do rio Uruguai e era comum, quando chovia muito, a gente sair de casa, indo para o Paso – bairro que ficava na beira do rio – para ver a enchente. E o incrível era que a enchente não era coisa ruim. Ela era hora de benção. As casas se erguiam na margem do rio em palafitas e raramente eram atingidas. O povo conhecia o rio, sabia dos seus maneios, como uma mulher que sabe do corpo de seu amado. Os balseiros iniciavam o transporte da madeira, aproveitando a correnteza, os guriatãs saltavam na água desde as casas e os homens jogavam a rede para pegar os dourados. Era um frenesi.

Nós, os que morávamos longe do rio, sempre fazíamos essa visita. Como se fosse um ritual. E meus olhos de criança se embriagavam do movimento das gentes, das balsas, do contrabando. Acho que foi aí que comecei a gostar de contar histórias. Aquela gente vivia em harmonia com o rio. Cada passo das suas vidas era ecologicamente orientado. Não havia surpresas nem desastres. E quando o rio baixava ainda fertilizava a terra para o plantio da mandioca.
Então eu penso, se houve um tempo em que a gente escutava a natureza, isso significa que podemos retomar. Há esperanças...

Lá no Rio Grande há uma música, inesquecível, a qual conta esse momento único da vida dos que nasceram na barranca do Uruguai. Divido com vocês o grande Noel Guarany... Balseiros do Rio Uruguai...


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011