sábado, 31 de dezembro de 2011

FELIZ 2012

O capitalismo tem essa "enebriante e sedutora propriedade" de explorar pessoas e natureza ao mesmo tempo, lhe propondo alcançar uma espécie de nirvana do "desenvolvimento humano", aquilo que alguns denominam de "paraíso", cuja ante-sala seria o "inferno". O melhor que você pode fazer é corromper essa máquina a todo instante, se negando a ser explorado, a movimentar bugigangas inúteis e fúteis, sem consumir coisa alguma. E, surpreendentemente, poderá descobrir que você leva uma vida muito intensa, cheia de coisas para fazer.
Eu, por exemplo, tento imitar os índios o tempo todo, embora eles, ao contrário do que foi inculcado no senso comum pela elite carrapata (no dialeto marxista - a burguesia), volta e meia também trabalham, mas de forma colaborativa entre eles, e não exploratória como acontece na moderna sociedade industrial capitalista e nas eras que a antecederam. Tento, pois, ser índio também, ainda que bastante limitado, reconheço. Mas, tento, em permanente e indomável postura anti-capitalista e ecológica. Coisa de birra, de ekoxato mesmo, que me deixa orgulhoso.
Em 2012, recomendo que você consuma menos, não se deixe explorar, denuncie todo tipo de patife e patifaria, doa a quem doer. Faz bem pra cabeça. Faça a coisa certa: seja mais índio, mais ecológico, o caminho para ser mais feliz, mais contemplativo, mais humano, menos autômato. Tudo aquilo que o capital NÃO deseja que você faça. Acredite, ele "morre de medo" que você faça isso - desrespeitar suas regras. Como antídoto, um carguinho, um presentinho...
E lembre-se, toda revolução começa com um primeiro passo, e este, é você mesmo que tem que dar. Comece por deixar o sofá em frente à TV e vá praticar "luta de classes" junto ao povo.
Eco-amplexos convexos desejando boas festas e boas lutas anti-capitalistas em 2012.
Gert Schinke

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Um mundo ecologicamente orientado

ELAINE TAVARES
Palavras Insurgentes
domingo, 11 de dezembro de 2011


Gert Shinke é um homem que incomoda e desaloja certezas. Ele mexe com os paradigmas, aponta o dedo e exige mudanças. Ecologista, eco-bom, eco-protetor. Não quer nem ouvir falar de “desenvolvimento sustentável”, pois sabe muito bem que isso é maquiagem do capitalismo, que busca se enfeitar para enganar os trouxas. Não há sustentabilidade num processo de especulação, busca do lucro, exploração. Então ele apresenta novos conceitos, provoca viragens. “A única saída é um desenvolvimento ecologicamente orientado. Um modo de vida que não leve o mundo à destruição, que retome o equilíbrio com a natureza”, diz. E insiste que isso é possível.

Tem um bocado de gente que não gosta do Gert. Alguns “acusam” ele de querer ser vereador. Daí andar por aí com sua indefectível camisa amarela vociferando contra os vilões que depredam a natureza. Eu gosto dele, e gosto que ele queira ser vereador. Porque é bom que a gente tenha gente assim, honesta, verdadeira, que diz o que quer ser e o que quer fazer, às claras, sem véus.

Ontem, ouvindo-o falar sobre esse modelo de desenvolvimento ecologicamente sustentável, lembrei uma cena da minha infância que há muito me havia fugido das retinas. Eu morava em São Borja, na beira do rio Uruguai e era comum, quando chovia muito, a gente sair de casa, indo para o Paso – bairro que ficava na beira do rio – para ver a enchente. E o incrível era que a enchente não era coisa ruim. Ela era hora de benção. As casas se erguiam na margem do rio em palafitas e raramente eram atingidas. O povo conhecia o rio, sabia dos seus maneios, como uma mulher que sabe do corpo de seu amado. Os balseiros iniciavam o transporte da madeira, aproveitando a correnteza, os guriatãs saltavam na água desde as casas e os homens jogavam a rede para pegar os dourados. Era um frenesi.

Nós, os que morávamos longe do rio, sempre fazíamos essa visita. Como se fosse um ritual. E meus olhos de criança se embriagavam do movimento das gentes, das balsas, do contrabando. Acho que foi aí que comecei a gostar de contar histórias. Aquela gente vivia em harmonia com o rio. Cada passo das suas vidas era ecologicamente orientado. Não havia surpresas nem desastres. E quando o rio baixava ainda fertilizava a terra para o plantio da mandioca.
Então eu penso, se houve um tempo em que a gente escutava a natureza, isso significa que podemos retomar. Há esperanças...

Lá no Rio Grande há uma música, inesquecível, a qual conta esse momento único da vida dos que nasceram na barranca do Uruguai. Divido com vocês o grande Noel Guarany... Balseiros do Rio Uruguai...


sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Carta de Itacuruba para o governador Eduardo Campos, de Pernambuco

Nós, cidadãos, cidadãs e entidades promotoras e participantes da Caravana Antinuclear que percorreu, entre os dias 28 e31 de outubro de 2011, as cidades de Belém do São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá, em Pernambuco, ameaçadas pela possível instalação de uma usina nuclear, ao concluir a Caravana, dirigimo-nos às autoridades e a toda sociedade da região, do Nordeste e do Brasil. Através desta carta compartilhamos o resultado destes dias intensos de intercâmbio, aprendizagem e compromisso. Música, poesia, teatro, feira de ciências, fotos, cartazes, oficinas de desenho com crianças, palestras e debates foram oportunidades de informação farta e segura, que o povo da região soube aproveitar, já que não obtém das autoridades.
Uma conclusão cristalina fica da Caravana: O POVO NÃO QUER USINA NUCLEAR! Suas razões, se já eram suficientes após os desmantelos vividos com a megaobra da Barragem de Itaparica, ficaram ainda mais claras com as informações disponibilizadas pela Caravana. Não precisamos da energia termonuclear, porque ela é suja, perigosa e cara. Sob qualquer ponto de vista – social, ambiental, político, econômico e cultural – ela é insustentável e indefensável. Por que retomá-la neste momento, após o acidente de Fukushima, quando a maioria dos países dela desiste? O Programa Nuclear Brasileiro, até hoje desconhecido da sociedade, tem que ser imediatamente suspenso. Neste sentido, apoiamos a recém lançada Proposta de Emenda Constitucional Antinuclear de Iniciativa Popular.
Temos, como nenhum outro país, muitas e diversificadas fontes de energia: biomassa, solar, eólica, das marés – a serem desenvolvidas com respeito às pessoas e ao meio ambiente. Suspeita-se que a motivação da construção das usinas nucleares no Brasil é a produção bélica, nos levando a repudiá-las ainda mais.
O que a nossa região precisa não é de mais uma megaobra problemática, reavaliada e rejeitada pelas grandes potências mundiais, as mesmas que financiam o programa nuclear no Brasil. Carecemos de investimentos públicos como: educação, saúde, segurança, soberania alimentar e hídrica, economia popular e solidária, convivência com o semiárido, agilidade no processo de identificação e demarcação das terras tradicionais, revitalização do São Francisco, dentre outros. Para isso, contem com nosso apoio e participação. USINA NUCLEAR NÃO!
A hora grave vivida pela humanidade e pelo planeta exige de nós, mesmo ao revés de interesses econômicos, posturas éticas, de responsabilidade mútua pelo Bem-Comum das atuais e futuras gerações. A presença ainda numerosa de povos originários nesta região nos possibilita o resgate de suas tradições culturais, junto com a demarcação de seus territórios, para um diálogo intercultural e afirmação de utopias de “um outro mundo possível”, sem a ameaça nuclear.
Itacuruba, 30 de outubro de 2011.
Articulação Antinuclear Basileira - Articulação Popular São Francisco Vivo (SFVivo) - Articulação e Organização dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (APOINME) – Associação Ambientalista da Cidade de Camaragibe-PE  - Associação dos Geógrafos Brasileiros (AGB)  – Caritas NE2 – Centro Cultural Comunitário Direito de Ser/Itacuruba - Coalização Brasileira Contra as Usinas Nucleares - Comissão Pastoral da Terra (CPT) - Comunidades e Povos Indígenas dos Pankará, Pankararu, Tuxá, Pankararé, Atikum, Neopankararé – Comunidades Quilombolas Negros de Gilú, Poço dos Cavalos e Ingazeira / Itacuruba – Comunidade Quilombola Conceição das Crioulas/Salgueiro(PE) - Confraria do Rosário (Remanescentes de Quilombo)/Floresta – Confraria dos Romeiros de Floresta - Conselho Indigenista Missionário (CIMI) - Conselho Municipal de Meio Ambiente/Jatobá - Diocese de Floresta - Federação de Órgãos para a Assistência Social de Educação (FASE) - Fórum de Reforma Urbana de Recife (FERU) - Fundação Heinrich Böell - Greenpeace - Igrejas Evangélicas de Jatobá -  Movimento Ecossocialista de Pernambuco (MESPE) - Paróquias de Belém de São Francisco, Floresta, Itacuruba e Jatobá  - Pastoral dos Migrantes, Prefeitura de Jatobá –  Secretaria de Educação de Jatobá  - Secretaria de Cultura de Itacuruba – Secretaria de Educação de Floresta  –  Sindicato dos Professores de Floresta  – Sindicato dos Químicos de São Paulo-SP - União da Juventude Comunista (UJC) - entre outros.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

I- Primeiros passos da luta ambientalista no Brasil II- Sustentabilidade e desenvolvimento ecológico orientado


Entrevista  Porto Gente

  Meio Ambiente


Primeiros passos da luta ambientalista no Brasil 
Texto atualizado em 10 de Outubro de 2011 - 19h25
Vera Gasparetto de Florianópolis/SC
O internauta do Portogente vai conhecer o início da luta Ambientalista no Brasil, que começou no Rio Grande do Sul, mais precisamente em Porto Alegre, por um dos seus agitadores. Gert Schinke tem 55 anos de idade e há 37 anos é ecologista autodidata. Residente em Florianópolis (Santa Catarina), Schinke, que já foi vereador de Porto Alegre, preside o Instituto Para o Desenvolvimento de Mentalidade Marítima e é membro do Movimento Saneamento Alternativo.
Nesta primeira parte da entrevista, o gaúcho Schinke fala da criação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiental Natural(Agapan), na década de 1970.
Portogente – Como se deu inicialmente a luta em defesa do meio ambiente no Brasil?
Gert Schinke –
 É preciso identificar melhor os diferentes períodos: até os anos 1970; dos anos 1970 até 2000; e o que ocorre na década atual. Até os anos 70, havia pouquíssimas entidades, todas voltadas a questões pontuais (sobre fauna, flora e parques, por exemplo), nenhuma de caráter claramente eco-político que enveredasse na superestrutura institucional e política. Sequer havia as chamadas entidades “guarda-chuvas”, as federativas de âmbito regional e alguma confederativa de âmbito nacional. Depois da década de 1970, impulsionado pela fundação da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan), que teve entre seus fundadores o já falecido José Lutzenberguer, o movimento ecológico cresceu exponencialmente. Surgiu o “Manifesto Ecológico Brasileiro”, com redação do Lutz, um dos textos mais referenciais. Éramos “uma dúzia de gatos pingados”, mas nosso discurso fazia eco junto à população que começava a sofrer as mazelas da poluição, do desmatamento, da falta de proteção às águas e reservas naturais.


Para Schinke, maior potencial crítico ao sistema capitalista, hoje, vem do movimento ambientalista
Portogente – Em que período começou e quais eram as bandeiras?Minha militância começa em 1975 quando me filiei à Agapan, em plena luta contra a ditadura militar. Ao mesmo tempo, atuava no movimento estudantil, fazendo uma ponte entre os dois movimentos sociais. A maior luta, à época, se deu contra aBorregaard, fábrica de celulose no rio Guaíba, cuja fedentina atormentava Porto Alegre e região.
Portogente – De lá para cá como essa luta evoluiu?O movimento cresceu em tamanho e influência política, mas nem sempre acompanhado de qualidade e objetividade. Nos anos 1990, assistimos a uma enorme fragmentação, resultante da especialização trazida para o debate, combinado com as ingerências políticas de toda ordem. São poucas as entidades ecológicas que ainda conservam uma postura de atuação ampla, voltada à economia, à gestão do Estado, às políticas públicas conexas às questões ambientais, como saneamento e saúde, entre outras. Hoje o debate sobre meio ambiente requer ênfase nas questões econômicas, da energia, da produção, das tecnologias, numa dimensão que tem a política como elo comum. Essa visão é pouco compreendida, e até mesmo combatida pelos que querem ver o movimento ecológico ausente do debate sobre o modo de desenvolvimento e das decisões dos governos. Hoje, o maior potencial crítico ao sistema capitalista provém do movimento ecológico, fato que ocorre no mundo todo em função do desgaste dos partidos políticos.


Sustentabilidade e desenvolvimento ecológico orientado 
Texto publicado em 11 de Outubro de 2011 - 21h42
Vera Gasparetto de Florianópolis/SC
Na segunda parte da entrevista, o historiador e ambientalista Gert Schinke, gaúcho de Montenegro, mas hoje morador da ilha de Florianópolis (Santa Catarina), fala sobre a diferença entre sustentabilidade e “desenvolvimento ecologicamente orientado”.
Portogente – As pessoas e as empresas estão realmente criando consciência sobre a necessidade da defesa do meio ambiente?
Gert Schinke –
 Em parte sim, em parte não. Há, sem dúvida, mais consciência, mas esta não se traduz em ações práticas no âmbito individual, e coletivo menos ainda, tão pouco em uma cidadania que cobre ações governamentais mais urgentes e efetivas, a exemplo do que acontece com o saneamento básico, com o onipresente desmatamento, invasão de APPs [Áreas de Preservação Permanente]. No que diz respeito à reciclagem, estamos falando disso há 30 anos, e, com raras exceções, ela não passa de 5% na grande maioria dos municípios brasileiros, prova da falta de vontade política para avançar nessa e em outras áreas, como também na criação de novos parques naturais, para melhor “blindar” a natureza.
Portogente – O que é a sustentabilidade?
Esse conceito está ligado à questão do modo de produção, o capitalismo globalizado, no mundo de hoje. Está claro que é insustentável em longo prazo, evidenciado pelo cálculo incontroverso de que a humanidade precisa de vários planetas para sustentar o modo de vida atual. Diz-se que dois “apenas”. Temos que consumir menos de tudo, energia, comida, bugigangas, mas isso, porém, conspira contra o capitalismo, que vive sob o signo do crescimento infinito. Nós ecologistas dizemos que a verdadeira sustentabilidade só ocorrerá quando o modo de produção adotar a fórmula do “desenvolvimento ecologicamente orientado”. O tal “desenvolvimento sustentável”, jargão onipresente e hegemônico em quase todos os setores sociais, se mostrou claramente aquém para produzir as medidas necessárias para reverter o processo acelerado de degradação ambiental e o consumo irreversível dos insumos que sustentam a orgia material hoje reinante para uma minoria da população mundial. O total desequilíbrio é parte indissociável desse cenário ultrajante e desumano. Acordos internacionais, como a limitação dos gases do efeito estufa, entre outros, parecem cada vez mais utópicos.
Portogente – Qual sua opinião sobre o novo Código Florestal?Sobre o Código Florestal os ecologistas se aliam aos que defendem a moldura da lei atual, sem, no entanto, esquecer de trazer aprimoramentos ao projeto, mas nunca no sentido menos restritivo, enquanto os adversários do atual Código querem descaracterizá-lo, enfraquecê-lo, abrindo as brechas para inúmeras ações predatórias, na contramão do que o mundo clama nos dias atuais: mais conservação natural e maior proteção aos recursos.

 Veja o vídeo:
O Consumismo

domingo, 7 de agosto de 2011

NÃO À ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL- 66 anos da Explosão da Bomba de Hiroshima


NÃO À ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL
1-          É certo que necessitamos de energia para nossa sobrevivência e bem estar: produzir alimentos, produtos e equipamentos a serviço de mais qualidade de vida, nos proporcionar mobilidade para usufruir de liberdade, conhecer o mundo, abraçar a felicidade. Quando a energia que utilizamos, porém, compromete o bem estar das futuras gerações, estamos diante de um sério problema ético. Garantimos a nós o que não podemos garantir a elas. Pior, com o uso da energia nuclear assinamos uma fatura que elas inexoravelmente pagarão com enorme custo – cuidar de rejeitos tóxicos perigosíssimos os quais permanecerão nessa condição por uma eternidade. A equação do uso da energia nuclear começa pela ética, que, para nós, coloca A VIDA SEMPRE EM PRIMEIRO LUGAR, paradigma que deveria orientar todas as nossas decisões. Esse terrível “legado” que deixamos para as futuras gerações, é fazê-las cuidar de um passivo associado à morte - atitude anti-humana e antivida em todos os sentidos, injustificável sob todos os pontos de vista, mesmo sob o olhar de uma pretensiosa racionalidade científica.
2 - Diante de outras alternativas energéticas, o custo/benefício da energia nuclear é altamente negativo. O ganho líquido de energia, estimado em apenas 25% do que total gerado é tão irrisório, que não compensa o enorme investimento aplicado, o qual inclui o tempo necessário para gerenciar o armazenamento final do lixo radioativo, assim como todas as peças da estrutura dos reatores. Investimento esse, no caso do Brasil, de origem exclusivamente pública. Deixa-se de investir em escolas, portanto, para investir em uma central nuclear. Diante dos avanços tecnológicos obtidos na geração de energia eólica, solar e de biomassa, atualmente a energia nuclear é a mais cara do ponto de vista financeiro, portanto, claramente antieconômica sob o prisma “estritamente capitalista”.
3 - O argumento de que a energia nuclear não gera gases do efeito estufa, é claramente falacioso. Ao se computar toda a produção de gases, notadamente o CO2 produzido ao longo da construção, operação e desmonte de uma usina nuclear, chega-se a conclusão de que a apregoada “energia limpa”, além de terrivelmente tóxica, é também suja quanto à produção de gases do efeito estufa. A falácia está em retratar apenas a energia gerada isoladamente do contexto da construção das instalações e complexa gestão para sua obtenção, além daquela posteriormente gasta em sua desmontagem e “eterna guarda” dos rejeitos finais.
4 - A história da obtenção de energia através da fissão atômica compreende uma vasta e trágica coletânea de acidentes que deixaram milhares de pessoas mortas e deformadas e imensos territórios estéreis em várias partes do mundo, virtualmente impenetráveis e fortemente guarnecidas a manu militari, além de inúteis para utilização na agricultura, por exemplo. Um legado de desastres continuados, Three Mile Island, Chernobyl, Goiânia, estão entre os eventos que mais ficaram em nossa lembrança, a par das vozes que defendiam sua incolumidade a acidentes operacionais e ocasionados por forças da natureza, como mais uma vez, se viu desmentir nos eventos trágicos em Fukushima.
5 - A longevidade de uma central nuclear é curta (30 anos), e, considerando todas as suas fases, o tempo de geração é quase o mesmo que o tempo de planejamento da construção, sua construção propriamente dita, o plano de desmonte, o desmonte propriamente dito, a disposição dos rejeitos e seu guarnecimento seguro. Comparando-se nossa curta escala temporal civilizatória com o tempo de efetiva anulação da radioatividade produzida pelos rejeitos atômicos, pode-se afirmar com toda segurança, que os mesmos são de duração permanente, certamente para dezenas de gerações vindouras. O decaimento radioativo (meia vida) da maior parte dos materiais utilizados soma milhares de anos, um pesado legado transferido para quem sequer hoje está presente para decidir sobre sua utilização. Estima-se em 6 bilhões de toneladas de resíduos radioativos produzidos até os dias atuais. A par da sua duração, soma-se o problema ainda não resolvido quanto à acomodação segura dos rejeitos com maior radioatividade, soluções que envolvem desde a construção de mega-bunkers em minas profundas e de silos em montanhas, a complexas acomodações em profundezas oceânicas, todas elas altamente custosas e questionáveis quando à sua suposta “absoluta segurança”.
6 - A construção de centrais nucleares envolve um fator normalmente afastado da opinião pública – a vulnerabilidade militar, pois se tornam alvos privilegiados diante de qualquer conflito sério. Contra esse fator não há antídotos confiáveis, e a forma de mascará-los é propor investimentos correspondentes na área militar, sofisticando os sistemas defensivos e de ataque, incluindo aí, o emprego de armas nucleares, submarinos nucleares e sistemas de escudos de mísseis, nada que na prática afasta por completo as ameaças que sobre elas pairam. Em verdade, o antídoto só faz incrementar ainda mais a soma das vulnerabilidades de um país. Como alvos militares privilegiados que são, passam a ter um status de segurança ainda mais obscuro e elevado, tornando o controle social sobre esse sistema ainda mais difícil. Normalmente, o “pacote atômico” é legitimado com o rótulo patriótico de “orgulho nacional”, fator de projeção política do país no cenário internacional.
7 - A proporção das energias renováveis na matriz energética brasileira é uma das maiores do mundo dentre as maiores economias da atualidade, sendo que a energia nuclear representa menos de 3% do total. Bastaria que investimentos há muito reivindicados fossem feitos em eficiência energética a fim de compensar essa pífia produção. Cálculos indicam que se obteria seguramente 10% de acréscimo de energia somente na reforma de antigos geradores nas usinas hidrelétricas e mais um tanto em melhorias nas redes de distribuição, tecnologicamente ultrapassadas, e que tem gerado constantes apagões por todo país. Diante dos números e dos fatos, abrir mão de Angra III, além de desligar Angra I e Angra II, em nada comprometeria o desempenho e produção de energia no país que, aliás, está sobrando nos dias atuais, conforme atesta o próprio Ministério de Minas e Energia.
8 - A forma como é gerenciado o sistema elétrico brasileiro está mais para uma impenetrável “caixa-preta” do que para uma gestão transparente em um país dito democrático, o que comprova a tese de que vivemos em uma democracia de fachada e salienta a importância que tem a bandeira de controle social sobre o Estado e as políticas públicas, no caso, na área energética. Um núcleo hermeticamente fechado de tecnocratas enclausurados em alguns poucos órgãos do Estado – Ministério de Minas e Energia - MME, Empresa de Pesquisas Energéticas – EPE, Comissão Nacional de Energia Nuclear – CNEN e a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, decide arbitrária e unilateralmente sobre os modelos, o volume de produção e a gestão do sistema energético nacional. No caso da energia nuclear, ainda se valem do manto do sigilo em função do fator de “segurança nacional”, pelo fato de envolver a construção do submarino nuclear por parte da Marinha, assim como os reatores de pesquisa que lhes darão suporte.
9 - Mundo afora, a energia nuclear está sendo abandonada por parte de países que importam grande parte de energia para seu consumo próprio. Recentemente foi o caso da Suíça e da Alemanha, que desativará seus nove reatores ainda em funcionamento, até 2022. A Itália seguiu essa histórica decisão, mediante o inquestionável resultado de um plebiscito que se posicionou amplamente favorável ao abandono da energia nuclear naquele país, também carente de fontes externas para suprir sua demanda de energia. Os exemplos acima atestam que em países nos quais a democracia participativa alcança as decisões energéticas, os governantes não relutam em decidir pelo abandono de origem nuclear.
10- Recente pesquisa de opinião realizada pelo IBOPE, parte brasileira da pesquisa global sobre o assunto, divulgada em abril do corrente ano, constatou que 54% dos brasileiros são contra o uso da energia nuclear para geração de eletricidade, resultado que se alinha com a opinião no mundo todo depois dos recentes eventos no Japão. De outra parte, 57% afirmaram “estarem preocupados com um acidente nuclear no país”, o que reforça os indícios sobre o péssimo gerenciamento da questão nuclear em nosso meio, sob todos os pontos de vista – planejamento, financeiro, segurança, operacional, solução para os rejeitos radioativos. Cientistas de todo mundo também vêm se posicionando contra o uso da energia nuclear, como foi o caso dos ganhadores do Prêmio Nobel Alternativo, em manifesto conjunto feito em 29.04.11, a partir de Hamburgo e Estocolmo, assinado por 50 personalidades, exigindo o banimento da energia nuclear no planeta, seguidos de manifestações semelhantes, também aqui no Brasil.

PELO ABANDONO DA ENERGIA NUCLEAR NO BRASIL

6 de agosto de 2011- 66 anos depois da explosão da 1ª Bomba Atômica em Hiroshima

Gert Schinke

quarta-feira, 6 de julho de 2011

 
Um jornaleco de enrolar peixe publicado na FLORIPA DA MAGIA ESPECULATIVA, voltou à carga com sua campanha difamatória contra lideranças ambientalistas em sua edição de junho.
 
Eu que já sou "freguês de carteirinha" desse NAZI-JORNA-LIXO, cujo destino mais apropriado é a imediata reciclagem de papel jornal assim que cair em suas mãos, afirma, entre outras patifarias e mentiras, que eu, "o  homem factóide", sou "dono do MOSAL - Movimento Saneamento Alternativo e do INMMAR - Instituto Para o Desenvolvimento de Mentalidade Marítima", e que "moro numa dacha (sic) de frente para o mar no morro do Pântano do Sul".
 
Ainda bem que o MOSAL e o INMMAR não "tem donos", e porque sou pobre de renda, não tenho o direito, conforme o jorna-lixo fascista, de morar de frente pro mar, privilégio supostamente reservado aos patifes endinheirados que sustentam o tal jorna-lixo, tais como um certo empresário que adora golfe num costão no norte da ilha e inúmeros outros que (des)constróem a natureza na ilha levantando prédios em tudo quanto é área de preservação (sempre com as devidas licenças, conforme eles próprios), reunidos em torno do SINDUSCON local.
 
Em realidade considero uma grande honra figurar como "ambientalista ekoxato" (o número 1), nas páginas desse jornalixo fascista, pois evidencia que eles localizaram seus verdadeiros inimigos - ecologistas, que, assim como eu, são rotineiramente difamados. E também localizaram os movimentos sociais, como o MOSAL, que está "incomodando" muita gente e a CASAN, entre outras empresas e órgãos públicos, sempre citado como grande ameaça, quando, na verdade, traz a solução para o LIXO que é o estado do saneamento na cidade e região.
 
Esse e tantos outros episódios recentes apenas evidenciam como as elites se valem de meios de comunicação (nesse caso um jornaleco nanico) para perpetuar o statur quo atual mediante constante difamação e veiculação de mentiras contumazes que, para muita gente desavisada e ingênua, passam como "verdadeiras". Ainda bem que a gente tem blogs, boletins e outros meios para desmentir esses pseudo-jornalistas que não passam de borrões fascistas, papagaios e puxa-sacos de endinheirados e toda laia de gente que só pensa no seu próprio umbigo.
 
alemão Gert 
 
mais no Entrevistão - veja link ao lado!

quinta-feira, 23 de junho de 2011


E NÃO PERCA!!!!
GERT SCHINKE FALA SOBRE O CÓDIGO FLORESTAL
no ENTREVISTÃO do DIARINHO
em
ESPECIAIS DE GERT SCHINKE
http://especiaisdegertschinke.blogspot.com/

quarta-feira, 8 de junho de 2011

Entrevista à jornalista Vera Gasparetto da Porto Gente



PG- Como foi o mandato do ex-governador Luiz Henrique em relação às questões ambientais no estado de SC?

GS- Foi um total desastre. O apelidamos de "governador motosserra", em função do perfil depredador da natureza que marcou a condução do seu governo em SC. Nas incontáveis viagens que fez ao exterior, "vendeu SC" para os grandes grupos investidores do setor do agronegócio, imobiliário, hoteleiro, portuário, siderúrgico e metal-mecânico. Foi o governo dele que articulou a vinda do Estaleiro OSX e da Fosfateira de Anitápolis para SC. Enquanto o primeiro desistiu, a segunda insiste em se instalar. Além disso, empenhou-se na revisão do Código Florestal de SC, que incorreu em inúmeras inconstitucionalidades, especialmente por legislar em área da União, e que serviu de balão de ensaio para o texto compilado pelo Aldo Rebelo, com total apoio dos ruralistas. Ainda esquartejou o Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, impondo a ferro e fogo o tal "mosaico", que não passa de uma fórmula pra chancelar todas as ocupações ilegais que houveram ao longo de décadas, sem que o Estado tomásse qualquer atitude preventiva ou repressiva diante desses descalabros. Em suma, sem medo de errar na avaliação, o governo mais anti-ecológico que SC teve nas últimas décadas.



PG- O que significaram as mudanças no código estadual?

GS- Como já falei anteriormente, facultaram ao Estado a atribuição de legislar sobre áreas de APP, reserva legal diferenciada em relação ao Código Florestal nacional, além de outros quesitos nos quais ficou muito aquém do que havia sido reunido em sugestões ao longo das Audiências Públicas na época. Deixou de fora questões básicas e urgentes hoje em dia, como relativas ao tratamento das águas, de energia e habitação, especialmente em áreas urbanas, áreas onde essas questões deveriam ser colocadas em forma de critérios a serem respeitados no planejamento urbano e na construção civil. Tudo isso passou ao largo na forma de um texto genérico, incoerente e juridicamente vulnerável, razão pela qual estão em curso várias ACPs questionando-o. Mas o objetivo maior foi alcançado: testar a possibilidade de replicar o método e conteúdo em dimensão nacional, motivo pelo qual o novo Código Estadual foi aplaudido pelos ruralistas em todo país.

PG- Como você vê a indicação dele para a relatoria no Senado do novo Código Florestal?


GS- Com base nesses poucos episódios que lembrei acima e que resultam em um péssimo histórico na visão ecológica, espero que ele em nada melhorará o texto aprovado pela Câmara, na perspectiva de defesa na natureza. A CCJ, afinal, só analisa se há alguma insconstitucionalidade no projeto ou não, mas o simples fato de estar lá na relatoria indica que o lobby ruralista está atento a todos os movimentos no Congresso que possam significar um recuo em relação ao que avaliam como vitórias para suas posições, como a anistia aos desmatadores, afrouxamento de restrições na ocupação das áreas passíveis para uso na produção nas propriedades, e delegação aos Estados para legislar em áreas muito sensíveis e gerais que são de âmbito nacional, dentre outras questões. Tudo isso marcha claramente na contramão da história, quando precisamos urgentemente frear a rapina ecológica que hoje grassa no Brasil, vergonha para o mundo.

quinta-feira, 26 de maio de 2011

LISTA DOS MOTO-SERRA DE SC NA VOTAÇÃO DO PROJETO DO ALDONEGÓCIO



Santa Catarina (SC)
Carmen Zanotto
PPS
PvPps
Sim
Celso Maldaner
PMDB

Sim
Décio Lima
PT

Sim
Edinho Bez
PMDB

Sim
Esperidião Amin
PP

Sim
Gean Loureiro
PMDB

Sim
Jorge Boeira
PT

Sim
Jorginho Mello
PSDB

Sim
Luci Choinacki
PT

Sim
Mauro Mariani
PMDB

Sim
Onofre Santo Agostini
DEM

Sim
Pedro Uczai
PT

Não
Rogério Peninha Mendonça
PMDB

Sim
Ronaldo Benedet
PMDB

Sim
Valdir Colatto
PMDB

Sim
Zonta
PP

Sim
Total Santa Catarina: 16